Nesta sexta-feira, dia 30 de outubro, a ONU lança uma análise dos compromissos assumidos por todos seus países-membro para a COP 21 – importante conferência que começa em um mês, e que deverá gerar um novo acordo global para combater as mudanças climáticas.
O relatório indica que vamos na direção certa, mas a soma dos esforços apresentados ainda é insuficiente para evitar que o mundo aqueça mais do que 2°C – limite máximo para não enfrentarmos consequências drásticas e imprevisiveis. Esse teto de dois graus é um consenso tanto entre governantes quanto cientistas.
Os principais destaques do relatório são:
No atual ritmo de emissão de gases de efeito estufa, que são a causa das mudanças climáticas, aqueceríamos o mundo entre 4°C e 5°C. Contudo, se todos os países cumprirem os compromissos que já apresentaram para a COP 21 conseguiremos ficar abaixo dos 3°C.
Apesar de países terem sido solicitados a apresentar metas para 2025 e/ou 2030, metade deles foi além e também apresentou planos para datas mais distantes. Isso é importante já que compromissos de longo prazo são cruciais para a questão das mudanças climáticas.
Apenas um quarto dos compromissos de redução de emissões são condicionados ao recebimento de apoio financeiro ou técnico por outros países. Ou seja, o caminho para as ações é mais livre uma vez que a maioria dos esforços é independente de contrapartidas.
A transição rumo a uma economia de baixa intensidade de emissões de gases de efeito estufa é nítida. Cada vez mais os países investem na chamada “economia de baixo carbono”.
“Os países poderiam fazer mais”, diz Martin Kaiser, coordenador do Greenpeace Internacional para política climática. Apesar do progresso indicado pelas propostas apresentadas ser relevante, para que não superemos os 2°C “o acordo que sairá da COP 21 precisa incluir um mecanismo para que os países elevem sua ambição o quanto antes. E precisam indicar claramente que há compromisso com um mundo de energias limpas e renováveis, sem combustéveis fósseis como petróleo e carvão”, completa Kaiser.
O governo brasileiro, que decepcionou ao apresentar compromissos permitindo um amplo desmatamento de nossas florestas, ainda tem um papel importante a desempenhar nas negociações. “O Brasil é um dos países que tem defendido que as metas nacionais sejam revistas a cada 5 anos, quando os governos também devem aumentar as ambições. É fundamental que isso esteja no texto final do acordo”, diz Pedro Telles, coordenador do projeto de Mudanças Climáticas do Greenpeace Brasil. “Seguindo a linha da promessa que a presidente Dilma Rousseff já fez – de que o país descarbonizará sua economia ao longo do século – também é importante que nossos negociadores defendam a existência de uma meta de longo prazo. Termos 100% de energias renováveis até 2050 é crucial”.
Já sabemos que a poluição no ambiente marinho é tão grande que chega formar um ‘mar de plástico’ nos oceanos. Sabemos também que 80% desse plástico vem do continente, devido à má gestão de lixo, onde o plástico acaba nos corpos d’água e devido ao ciclo natural da água, vai parar nos mares e oceanos. Também sabemos que o tempo médio para que este material se decomponha no meio ambiente é de 100 a 400 anos. Mas mesmo sabendo de tudo isso, a presença do plástico nos oceanos tem aumentado a cada ano.
O plástico é um produto sintético feito de polímeros e longas cadeias de carbono e outros produtos, então, é fruto do petróleo. Basicamente 90% dos produtos que usamos no dia-a-dia possuem algum item de plástico, como computadores, utensílios domésticos (copos, garfos, eletrodomésticos), garrafas de bebidas e embalagens de diversos produtos, sacolas, brinquedos, DVDs e até alguns tecidos. Somos dependentes do plástico e seus derivados.
A utilidade do plástico facilita (e muito) a vida moderna. Mas quando esse material chega onde não deveria estar – no meio ambiente – começa então uma sequência de prejuízos para os animais que dependem do ambiente marinho para sobreviver.
Muitos animais confundem o plástico que bóia na superfície ou na coluna d’água com alimento (peixe, alga, medusa) e acabam ingerindo esses produtos. Plásticos com forma pontuda podem matar pássaros, mamíferos e tartarugas perfurando seus órgãos internos. Alguns animais comem tanto plástico que sobra pouco espaço para a comida ‘de verdade’, o que afeta seu peso corporal, causando desnutrição e muitas vezes, a morte. O plástico também mata através do sufocamento, milhares de animais ficam presos em redes de pesca fantasma e acabam morrendo asfixiados. Outra forma de matar do plástico é através da toxicidade, quando quebrado em moléculas menores no processo de decomposição, o plástico transforma-se em moléculas extremamente tóxicas e até cancerígenas.
Um estudo recente mostrou que existe tanto plástico flutuando nos oceanos que 90% das aves marinhas já consumiram plástico em algum momento de suas vidas, e TODAS estarão consumindo plástico até o ano 2050. Ainda nesse estudo, os cientistas afirmaram que a produção mundial de plástico dobra a cada 11 anos. Assim, nos próximos 11 anos estaremos produzindo em um ano, a mesma quantidade de plástico que produzimos desde que este produto foi inventado.
Parece que entramos em colapso e o homem age como se não precisasse do mar e do alimento que ele oferece para sobreviver. Pobres animais marinhos, pobre homem.
Elas podem funcionar como fertilizantes - e vários países já fazem uso de técnicas
Imagem: CIAT|Flickr
Os 330 quilômetros cúbicos de águas residuais (popularmente conhecidas como a parte líquida do esgoto) municipais produzidos globalmente a cada ano são suficientes para irrigar 40 milhões de hectares – o equivalente a 15% de toda a terra irrigada atualmente – ou para alimentar 130 milhões de lares através da geração de energia por biogás, concluiu relatório da ONU.
O relatório, intitulado "Saneamento, Gestão de Águas Residuais e Sustentabilidade: da Eliminação de Resíduos à Recuperação de Recursos", publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI, na sigla em inglês), dá uma visão geral do atual conhecimento e prática na gestão de águas residuais e demonstra as oportunidades de recuperação e reutilização dos recursos encontrados nos fluxos de resíduos domésticos: na agricultura, na produção de energia e outras aplicações.
As águas residuais municipais produzidas no mundo todo contêm o equivalente a 25% do nitrogênio e 15% do fósforo aplicados como fertilizantes químicos. Também podem transportar grandes quantidades de ferro, cloreto, boro, cobre e zinco. Em apenas um dia, uma cidade com 10 milhões de habitantes libera nitrogênio, fósforo e potássio suficientes para fertilizar cerca de 500 mil hectares de terras agrícolas.
Uma abordagem mais circular para essa questão contribuiria significativamente para a conquista da recentemente adotada Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030. Além de acelerar o progresso rumo ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 6, que é garantir água e saneamento para todos, o reúso e a recuperação dos recursos de águas residuais poderiam trazer vastos benefícios sociais e econômicos, avançando em muitos outros ODS.
Por exemplo, na Índia, o Banco Mundial estima que o saneamento adequado poderia gerar uma economia de US$ 54 bilhões por ano, através do corte de custos com saúde e abastecimento de água. Na capital da República do Laos, Vientiane, as águas residuais poderiam produzir biogás suficiente para permitir 10 mil quilômetros de viagens de ônibus por dia.
O valor diário de nutrientes das águas residuais produzidas por cidades da costa da Índia foi estimado em US$ 17,5 milhões. Outro estudo calculou que os elementos encontrados nas águas residuais urbanas nos Estados Unidos, incluindo prata e outro, tiveram um valor econômico de US$ 280 por tonelada de lodo.
O relatório PNUMA/SEI recomenda que seja criado um sistema de gerenciamento sustentável para o saneamento e para as águas residuais, que seja técnico, cultural e institucionalmente apropriado, viável economicamente e resistente a desastres.
O estudo também demonstra como os desafios culturais podem ser resolvidos. Por exemplo, em Ouagadougou, Burkina Faso, a urina recebe outro nome e é “reembalada” depois do armazenamento, para mostrar claramente que o produto se transformou de um resíduo para um fertilizante. Em El Alto, na Bolívia, ervas foram adicionadas para tratar a urina como medida de coloração e desodorização.
Em Holo, na Suécia, a baixa densidade populacional tornou o tratamento centralizado de efluentes inviável financeiramente, portanto, uma cooperação única entre a concessionária, as autoridades locais, a sociedade de pesquisa e a comunidade agrícola desenvolveu uma política de reciclagem de baixo custo que produz fertilizantes e reduz a poluição, usando uma mistura de infraestrutura, tecnologia patenteada de água negra, consciência social e certificação.
Documentários que vão te fazer repensar seu papel no meio ambiente, o impacto de suas ações e impelir mudanças em seus hábitos
Como dizia o ditado, "uma imagem vale mais do que mil palavras”. Documentários, apesar de terem a premissa de retratarem a "realidade", também são filmes e, portanto, construções audiovisuais que a mostram a partir de certos pontos de vista. Mesmo assim, eles podem ter o poder de sensibilizar o espectador ao mesmo tempo em que informam. O poder da imagem e a combinação com uma boa direção podem fazer com que as pessoas percebam a dimensão de questões que não aparecem tanto no dia a dia. Às vezes, matérias de sites e jornais não mostram, por exemplo, os efeitos de ações não amigáveis ao meio ambiente de forma sensorial; mas após ouvir e assistir ao impactante conjunto de sons e imagens, é difícil não se sentir mais envolvido com a causa. Se você tem interesse em mudar sua postura, um bom início é ter contato com esse universo de boas produções que também podem ser informativas.
Existem grandes documentários sobre causas ambientais e aqui você irá conferir uma lista de alguns deles:
O Sal da Terra (2014)
O documentário, dirigido pelo alemão Wim Wenders e pelo brasileiro Juliano Salgado, retrata a trajetória do renomado fotojornalista Sebastião Salgado. O fotógrafo se debruçou em sua carreira pelas questões sociais e ambientais. O documentário conta, por meio das sensíveis imagens captadas pelo olhar de Sebastião, um pouco da história do homem e seu impacto sobre o planeta. Também mostra a faceta exploratória de recursos naturais, a relação de diversas civilizações com a natureza e a guerra, além da magnitude da natureza. As imagens da série Gênesis são o resultado de uma expedição épica redescobrindo montanhas, desertos e oceanos, animais e povos que se mantêm aparentemente intocados da marca da sociedade moderna. Além disso, o documentário conta sobre a história do Instituto Terra, de Salgado e de sua esposa, que surgiu com o objetivo de recuperar a Mata Atlântica original na antiga fazenda de gado de sua família. O sonho e o projeto expostos no documentário expressam o pensamento de que a destruição da natureza pode ser revertida.
Na língua hopi, Koyaanisqatsi significa "vida maluca, vida em turbilhão, vida fora de equilíbrio, vida se desintegrando, um estado de vida que pede uma outra maneira de se viver". O documentário, dirigido por Godfrey Reggio e orquestrado por Philip Gass, expõe a relação da humanidade com a natureza de modo crítico e questionador. Por meio de linguagem poética, ele constrói um diálogo sobre o impacto do ser humano no meio ambiente com imagens em câmera lenta e em time-lapse, sem uso de diálogo ou narração. Koyaanisqatsi é o primeiro filme da trilogia Qatsi, toda dedicada aos diferentes aspectos das relações entre humanos, natureza e tecnologia.
Home (2009)
Dirigido pelo jornalista, fotógrafo e ambientalistaYann Arthus-Bertrand, o flime conta com imagens aéreas monumentais de diversos lugares da terra. Uma frase marcante do filme, que reflete sua intenção é: “O nosso ecossistema não tem fronteiras. Onde quer que estejamos, as nossas ações terão repercussões”. A narração insere questões ambientais que dialogam com as paisagens: a evolução histórica dos seres humanos, a industrialização, a agricultura, a descoberta do petróleo, as extrações de minerais, os hábitos de consumo criados e principalmente os impactos que estamos vivendo e viveremos em decorrência disso.
A produção, dirigida por João Amorim, acompanha o jornalista americano Daniel Pinchbeck, autor do bestseller "2012: The Return of Quetzalcoatl". Ele expõe as questões ambientais por um paradigma que mescla a sabedoria tradicional de culturas tribais e o método científico. O documentário tem entrevistas de personalidades como Sting, David Lynch, Paul Stamets, Gilberto Gil, entre outros. O documentário passa a mensagem de que um dos principais empecilhos para a mudança da situação de degradação da natureza é a consciência individual. Para evitar uma catástrofe mundial, todas as pessoas devem estar dispostas a fazer grandes mudanças em seus hábitos diários e abrir mão de certos confortos, em nome de um bem maior. O documentário discute experiências de meditação, a importância de construções sustentáveis, o movimento de contracultura e alternativas ecológicas para o dia a dia.
Virunga (2014)
O documentário, dirigido por Orlando von Einsiedel e produzido por Leonardo Di Caprio, mostra de forma emocionante a coragem e esforço de homens comprometidos com a conservação ambiental. Eles são um pequeno grupo de guardas florestais que protegem Virunga, o mais antigo parque nacional da África, na República Democrática do Congo. As florestas do parque abrigam os últimos 800 gorilas da montanha do planeta, grandes jazidas minerais e uma enorme biodiversidade. Dispostos a sacrificar a vida pelo Virunga, os guardas enfrentam constantes investidas de paramilitares, caçadores e mineradoras.
Mission Blue (2014)
Dirigido por Robert Nixon e Fisher Stevens, Mission Blue se assemelha a O Sal da Terra, por também contar a biografia de uma grande personalidade tendo também o objetivo muito maior - que é a conscientização ambiental. Ele mostra a biografia da renomada bióloga marinha Sylvia Earle e ao mesmo tempo faz importantes denúncias sobre a condição dos oceanos. Os avanços dos impactos das ações humanas nos oceanos e a importância destes para o equilíbrio do planeta são os focos do documentário.
Muito se fala sobre o aquecimento global, mas poucas pessoas realmente têm noção dos efeitos que já atingem nosso planeta. Se você é uma dessas pessoas que não se convence pelas tabelas, gráficos e números disponíveis sobre o assunto, assista ao documentário Chasing Ice, dirigido por Jeff Orlowski. O filme mostra a expedição do fotógrafo James Balog ao Ártico. O premiado fotógrafo recebeu o desafio da publicação National Geographic de retratar os efeitos da mudança climática no planeta. Para isso, ele desenvolveu o projeto “Extreme Ice Survey” (Pesquisa Radical no Gelo): posicionou câmeras resistentes em locais perigosos para produzir imagens do derretimento durante alguns anos. Com o efeito de time-lapse é possível observar as mudanças drásticas nas geleiras.
Mataram Irmã Dorothy (2007)
O documentário, dirigido por Daniel Junge, mostra o desafio que é ser ativista da causa ambiental na Amazônia. Para isso, a morte da missionária norte-americana Dorothy Mae Stang e as questões que envolvem o julgamento do crime são contadas. Ela vivia no Pará para ajudar a colocar em prática o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) e lutou contra o desmatamento da Amazônia. Uma questão que fica clara no documentário é a indiferença à realidade diária da região amazônica: a luta sangrenta pela terra enquanto a floresta nativa é destruída para dar origem a pasto para gado.
Cowspiracy (2014)
O filme nasceu na mente do cineasta Kip Andersen após ele se deparar com dados oficiais da ONU que informavam que a agricultura animal tem emissões de gases superior a todo o setor de transportes (carros, caminhões, trens, navios e aviões). Além disso, ficou intrigado com o fato de grandes ONGs ambientalistas ignorarem a causa número um da destruição do planeta. Se você se preocupa com emissões de gases, desmatamento e consumo de água deve se preparar para os dados alarmantes da degradação ambiental decorrente da indústria agropecuária denunciados pelo documentário.
"Trashed - Para Onde Vai Nosso Lixo", dirigido por Candida Brady e com com o atorJeremy Irons no elenco, aborda não apenas a questão do lixo em si, mas também o destino dos resíduos. O filme é dividido em três partes: avaliação, solução (errada) e a tomada de uma decisão mais correta. Percorrendo todo hemisfério norte, Irons mostra como diversos governos tratam a questão do lixo, além expor curiosidades e algum conteúdo aprofundado sobre ecologia.
In Transition 2.0 (2012)
"In Transition 2.0" retrata o movimento Transition, propõe respostas em pequena escala de comunidades nas áreas de alimentação, transporte, energia, educação, lixo, artes etc. A produção mostra histórias de pessoas comuns que têm feito coisas extraordinárias no mundo todo. Exemplos são comunidades que imprimem o próprio dinheiro, que cultivam suas comidas, transformando suas economias em locais, e criando centrais elétricas para a comunidade.